2025 deve começar com café mais caro nos supermercados; entenda

2025 deve começar com café mais caro nos supermercados; entenda

As principais torrefadoras de café do Brasil, incluindo a JDE Peet’s, uma das maiores empresas de café do mundo, devem aumentar seus preços no mercado interno a partir do início do próximo ano, depois que as condições climáticas adversas causaram um aumento nos preços do grão verde.

Os preços globais do café atingiram níveis recordes em meados de dezembro, e subiram cerca de 80% este ano, já que o clima adverso no Brasil e no Vietnã, os maiores produtores de café do mundo, afetou as perspectivas de safra, e os consumidores internacionais provavelmente sentirão o impacto já no final de março.

A JDE Peet’s, fabricante de marcas como Jacobs, L’Or, Tassimo e Douwe Egberts, aumentará os preços no Brasil em uma média de 30% no próximo ano, disseram dois traders à Reuters, citando documentos enviados aos clientes da empresa.

Outra grande torrefadora brasileira, a 3Corações, aumentará os preços em 11% em janeiro, depois de aumentá-los em 10% em dezembro, enquanto a Melitta, também uma grande empresa no Brasil, aumentou em 25% este mês, depois de um “recente” aumento de 12%, segundo documentos enviados a clientes e vistos pela Reuters.

A pedido do site Dinheiro Rural a analista de café da Hedgepoint Global Markets, Laleska Moda, explicou quais os  motivos dessa alta e a tendência para o preço do café em 2025.

Qual o motivo da alta? 

O principal motivo da alta é a crescente preocupação com uma menor produção de café arábica no Brasil no próximo ano. O clima adverso em 2024, especialmente entre agosto e setembro, de fato trouxe efeito negativo para os cafezais e pode realmente trazer uma safra menor da variedade, ainda que seja um pouco cedo para estimativas mais precisas.

Ainda assim, no começo de dezembro, diversos traders liberaram suas primeiras estimativas de safra, com alguns apontando para uma produção abaixo de 40 milhões de sacas de arábica no país em 25/26, o que levaria novamente a mais um ano de oferta limitada e possivelmente um déficit global.

Devemos lembrar que enquanto o consumo segue mais resiliente, a produção vem variado nos últimos anos, já algumas safras seguidas com problemas de produção à nível global (como no Vietnã), o que também tem levado a estoques globais de café mais baixos.

Além disso, no Brasil, a comercialização da safra 24/25, colhida neste ano, está em cerca de 80%, com a maior parte dos produtores mostrando pouco interesse em vender seu o restante de seu café e, em outras origens, produtores também parecem mais relutantes em vendar seus grãos. Assim, esses fatores têm gerado uma perspectiva mais baixista em relação à oferta do produto, impulsionado as cotações.

O preço vai subir mais? 

Por hora, o cenário ainda aponta para preços mais elevados em 2025, especialmente dado a essa possibilidade de uma safra brasileira menor, além de estoques globais mais apertados. Ainda assim, podemos ter alguns fatores de baixa no mercado no próximo ano.

Primeiramente, conforme estimativas mais concretas da safra brasileira cheguem ao mercado, podemos ter uma sinalização de números mais positivos, o que poderia levar a uma queda dos futuros, especialmente durante a colheita no Brasil.

Além disso, há um outro risco no mercado: os preços elevados do café podem ter algum impacto na demanda, ainda que seja muito cedo para qualquer estimativa. Com uma possível queda na demanda, podemos ter um certo “alívio” no mercado de café.

Entretanto, mesmo com uma redução da demanda, devemos lembrar que os estoques seguem baixos e qualquer problema nos países produtores, especialmente no caso de adversidade climáticas, pode gerar novas altas nas cotações.  

Por REUTERS

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