
Exigências reveladas: Entenda o que Trump quer de Lula para recuar do tarifaço
Brian Ballard, aliado de Trump, destaca condições e alternativas para o Brasil evitar prejuízos com o tarifaço que entra em vigor em 1º de agosto e recomenda negociação direta com a Casa Branca
A poucos dias da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, o governo Lula segue pressionado para reagir à medida anunciada por Donald Trump no dia 9 de julho. Em entrevista exclusiva à CNN Brasil, o advogado e lobista Brian Ballard — aliado próximo do presidente americano — fez duras avaliações sobre o impasse comercial e recomendou que o Brasil entre em contato direto com a equipe de Trump para negociar.
Ballard destacou que Trump é um negociador duro, mas justo, e reiterou que as tarifas são uma ferramenta de pressão diplomática comum na política externa do republicano. Ele citou os recentes acordos com Japão e União Europeia como exemplos de negociações complexas, mas bem-sucedidas.
Principais exigências de Trump ao Brasil:
- Alinhamento político com os EUA
Trump vê o governo Lula como “não tão pró-EUA quanto já foi” e deseja uma reaproximação política clara.
- Distanciamento da China e do Brics
A proximidade do Brasil com o presidente Xi Jinping e as propostas de desdolarização do comércio internacional irritaram Washington.
- Neutralidade em relação ao dólar
A defesa de moedas locais em transações internacionais, promovida por Lula no Brics, é vista como ameaça à hegemonia do dólar.
- Reavaliação da postura do STF contra Bolsonaro
A investigação sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro foi citada na carta oficial da Casa Branca e é um ponto sensível para Trump, que defende “justiça política imparcial”.
- Redução de barreiras comerciais brasileiras
Trump reclama de práticas “injustas” no comércio bilateral, incluindo tarifas e barreiras não tarifárias impostas pelo Brasil.
Alternativas para o Brasil evitar o tarifaço:
- Negociação direta com Trump
Ballard sugeriu que Lula entre em contato pessoalmente com Trump ou com sua equipe sênior, incluindo o secretário do Comércio Howard Lutnick, o secretário do Tesouro e o representante comercial dos EUA.
- Acordo similar ao do Japão e UE
Buscar um entendimento baseado em contrapartidas comerciais e estratégicas, como investimentos em defesa ou compromissos energéticos.
- Revisão da retórica geopolítica
Moderação em discursos sobre o Brics e a desdolarização pode facilitar a aproximação diplomática.
- Fortalecer diálogo via diplomacia parlamentar e empresarial
A atual comitiva de senadores e empresários nos EUA pode ser um canal complementar às tratativas do Itamaraty.
Cenário atual
Apesar das tentativas diplomáticas e parlamentares em curso, até o momento o governo Lula não conseguiu abrir um canal direto com a Casa Branca. Segundo Ballard, “qualquer país que veja os acordos feitos com o Japão e a União Europeia e não se esforce para resolver rapidamente, está sendo tolo.”
A partir de 1º de agosto, o Brasil será oficialmente penalizado com uma tarifa de 50% sobre todas as exportações aos EUA — um golpe direto à indústria nacional e às relações comerciais entre os países.
A expectativa agora gira em torno de uma possível reviravolta diplomática de última hora ou da formalização de uma proposta brasileira que atenda, ao menos em parte, às exigências do governo Trump.
Redação: ACM Notícias
Fonte: CNN Brasil | Entrevista exclusiva com Brian Ballard