
Governo Trump revoga vistos de ministros do STF, seus familiares, em ação sem precedentes
O governo Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (18) a revogação dos vistos de entrada nos Estados Unidos do ministro Alexandre de Moraes, de outros sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e de seus familiares. A medida foi formalizada pelo secretário de Estado Marco Rubio, que afirmou em rede social que a decisão responde a uma “caça às bruxas política” conduzida pelo Supremo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida representa um grave abalo diplomático entre Brasil e EUA e ocorre no mesmo dia em que Bolsonaro foi alvo de operação da Polícia Federal e passou a usar tornozeleira eletrônica por ordem judicial.
A revogação dos vistos tem como pano de fundo a pressão feita por aliados de Bolsonaro nos EUA, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem buscado sanções contra Moraes e outros ministros por supostas violações à liberdade de expressão. Eduardo comentou sobre a possibilidade de novas ações contra o que chama de “autoritarismo do STF”. O episódio amplia a tensão entre as cortes brasileiras e o setor mais conservador da política americana, que passou a ver os ministros como alvos legítimos de retaliação.
A medida atinge diretamente os ministros Luís Roberto Barroso (presidente do STF), Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes, além de Moraes. Foram excluídos da sanção os ministros André Mendonça e Nunes Marques, indicados por Bolsonaro, e Luiz Fux, que vem se posicionando de forma mais neutra em casos sensíveis. A decisão foi fundamentada em critérios que, segundo o Departamento de Estado, avaliam o potencial de impacto negativo nas relações internacionais dos EUA.
A revogação dos vistos acontece dias após o governo Trump anunciar um “tarifaço” contra produtos brasileiros, medida também vinculada à narrativa de perseguição contra Bolsonaro e seus aliados. A retórica da administração americana tem sido embalada por uma série de pressões, que busca condicionar a retirada das sanções econômicas a uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro, já inelegível, está sendo investigado como líder de uma suposta tentativa de golpe e pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão.
O STF e o governo Lula ainda não se pronunciaram oficialmente. Trata-se de uma crise institucional sem precedentes, com potenciais efeitos jurídicos, diplomáticos e geopolíticos.