Ministério da Saúde deixa faltar remédios para hanseníase, e pacientes ficam sem tratamento, segundo jornal
O painel de hanseníase do Ministério da Saúde mostra que houve aumento de 4,8% de novos casos da doença — de janeiro a novembro de 2022, eram 18.247; enquanto no mesmo período de 2023, o número subiu para 19.129
Após demonstrar total incompetência para lidar com a pandemia de dengue, o Ministério da Saúde tem deixado a desejar no combate de outra grave doença: a hanseníase. Estão faltando remédios em todo o país, fazendo com que pacientes não consigam iniciar ou precisem interromper o tratamento.
A informação foi divulgada pela Folha de SP, que teve acesso a um documento que mostra que os medicamentos usados no tratamento de primeira linha da doença —poliquimioterapia e clofazimina— estão em falta porque a doação, geralmente feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não foi realizada.
O que o Ministério da Saúde diz, em nota, é que o atraso ocorreu por “problemas de produção e de logística de transporte marítimo na região do Oriente Médio”. A pasta promete que eles serão entregues ainda em março, mas admite que, desde a última remessa recebida, as quantidades da clofazimina já não estavam sendo suficientes. Sendo assim, torna-se essencial a elaboração de planos alternativos para o acesso aos remédios, já que a demanda do país tem aumentado.
O que o ministério comandado por Nísia Trindade tem feito para tapar o buraco, no entanto, é oferecer aos pacientes o uso de medicamentos de segunda linha, que são conhecidos como ROM (Rifampicina + Ofloxacino + Minociclina), em uma dose mensal. O problema disso é que médicos especialistas afirmam que esse tratamento não é eficaz para todos os tipos da doença. Sem falar que até esses remédios também estão em falta em algumas regiões do país.
Em resposta à escassez, a pasta sugere no documento e em nota enviada à reportagem o uso de medicamento de segunda linha, conhecido como ROM (Rifampicina + Ofloxacino + Minociclina), em dose única mensal. Segundo a pasta, há respaldo científico para isso.
Mas especialistas apontam que os medicamentos de segunda linha oferecidos para suprir momentaneamente a situação não são eficazes para todos os tipos da doença. Além disso, que esses produtos também estão em falta em algumas regiões.
A nota enviada pela pasta alega que está tomando providências para evitar novos desabastecimentos, entre elas a promoção de audiências públicas para verificar a possibilidade de produção nacional do medicamento de primeira linha. Vale salientar, no entanto, que essa solução é de médio a longo prazo.
Os dados oficiais do painel de hanseníase do Ministério da Saúde mostram que houve aumento de 4,8% de novos casos da doença. Foram 19.129 de janeiro a novembro de 2023, contra 18.247 no mesmo período do ano anterior.
O Brasil é o segundo país com maior número de casos de hanseníase, doença que antigamente era conhecida como lepra e marcada por muito preconceito. Em números absolutos, perde apenas para a Índia.
Por BSM