
O brasileiro quer CPI do INSS
Entre os múltiplos dados negativos para o governo presentes na pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (4), alguns dos mais graves são os que dão força à instalação da CPI do INSS. A maioria dos brasileiros sabe do escândalo, apoia a abertura de uma CPI e acha que a culpa dos desvios é da gestão Lula.
O escândalo do INSS é diferente de todos os outros. Em vez do combo normal de políticos e empresários que desviam recursos públicos, desta vez a vítima não é o distante caixa da União, mas pessoas pobres, com nome e rosto, muitas delas idosas ou com deficiências.
Isso ajuda a explicar por que 82% dos entrevistados ouviram falar no assunto, segundo a pesquisa. É um índice altíssimo. Metade dos entrevistados, exatamente 50%, apoia a criação de uma CPI para investigar o assunto. Outros 43% acham que a investigação que está sendo feita pela Polícia Federal é suficiente.
Desde o início, o governo se esforça para transferir a culpa para o governo Bolsonaro, pois os descontos começaram em 2019, e dizer que a atual gestão descobriu o caso e tomou providências. Contudo, 31% dos entrevistados atribuem a culpa ao governo Lula; apenas 8% culpam o governo anterior.
O esforço em vão no caso da CPI repete o que vem acontecendo com a popularidade: desde janeiro, quando os índices despencaram, o governo fez um esforço de propaganda e anunciou medidas populares, com gastos extras, para tentar melhora a imagem de Lula. Até agora, custou uma fortuna e não deu resultado.
A pesquisa mostra que a popularidade do governo segue na descendente. A desaprovação subiu de 56% para 57%; a avaliação negativa subiu de 41% para 43%. Também subiu um ponto de 43% para 44% o índice dos que acreditam que o governo Lula é pior que o governo Bolsonaro.
Unidos, os dados dizem o seguinte: o governo Lula segue num momento de pouco apoio popular e não tem força política para evitar uma CPI. O apoio de 50% das pessoas indica que a CPI é popular. Eleitores não decidem sobre CPIs, mas suas opiniões reverberam no Congresso. Somado ao maciço apoio no Congresso, com 259 assinaturas de parlamentares, a CPI é inescapável.
Na sessão marcada para o dia 17, o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, deve ler o pedido de CPI. A comissão só começará a funcionar no segundo semestre, o que dará tempo para a base do governo se preparar para ocupar postos importantes. É o máximo que poderá fazer.
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