Anfavea é a favor do imposto zero para elétricos, mas com limites
Presidente da associação das montadoras, Márcio de Lima Leite, explicou a posição da Anfavea na questão dos carros elétricos
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, negou nesta segunda, 6, que a entidade seja contra o imposto de importação zero para carros elétricos no Brasil. Entretanto, tem explicado ao governo que é importante ter um limite de volume e de tempo para essa regra. A declaração foi feita durante a coletiva mensal da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
“A Anfavea não é contra o imposto de importação a zero para veículos elétricos”, disse Lima Leite. “As montadoras que fazem parte da Anfavea representam 85% da produção mundial”, lembrou. “Portanto, quem exporta para o Brasil somos nós mesmos.”
O presidente da Anfavea acrescentou: “Esse volume [cerca de 8.500 carros/ano] é muito benéfico para o país. Nós queremos que isso aconteça, porque isso nos ajuda em termos de infra-estrutura, nos ajuda a colocar essa tecnologia no país”.
Por que, então, a Anfavea tem liderado o lobby contra o crescimento do mercado de carros 100% elétricos? “Nós precisamos criar um processo de transição para que a indústria brasileira tenha previsibilidade para receber investimentos”, disse.
O que incomoda a Anfavea, segundo seu presidente, é que a regra atual não tem limite de volume nem de tempo. E isso, na visão de Lima Leite, pode acabar tirando o Brasil da rota de investimentos das matrizes no futuro. Ele lembrou que o país já produz ônibus elétricos e que a fabricação de carros elétricos “vai acontecer”.
Márcio de Lima Leite comentou o anúncio de que a chinesa Chery vai produzir carros elétricos na Argentina, embora tenha uma operação no Brasil em parceria com a Caoa. “Não creio que foi um projeto perdido pelo Brasil”, afirmou.
“O Brasil fica feliz com investimentos na Argentina, pois esses carros também chegarão aqui sem imposto de importação, assim como os do México.” Devido às características do etanol, que também ajuda na descarbonização, a Anfavea considera natural que a transição para os carros elétricos ocorra em ritmo diferente no Brasil e na Argentina.
A Anfavea negou também que esteja pedindo incentivos ao governo para produzir carros híbridos com etanol. “O que estamos discutindo é o que vamos ter na segunda fase do programa Rota 2030”, comentou. “Essa segunda fase tem que ter um viés que leve a questões ambientais, como tecnologias que vão contribuir para o meio-ambiente e que leve à descarbonização do país.”
Sendo Lima Leite, os carros híbridos com etanol, assim como os veículos elétricos, estão entre essas tecnologias. Por isso, “o que está sendo discutido são propostas de tributação, mas nada específico sobre esta ou aquela tecnologia”. O executivo acrescentou que “a Anfavea trabalha muito com a neutralidade tecnológica”.
Fonte: Terra