‘Banho de sangue’ no mercado financeiro com IPCA, Lula e Mantega

‘Banho de sangue’ no mercado financeiro com IPCA, Lula e Mantega

Esta quinta-feira vai definitivamente marcar a história do Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). O dia começou com dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acima da expectativa do mercado, e, com isso, os juros futuros iniciaram a sessão subindo forte. Mas a quinta-feira estava só aquecendo os investidores.

Perto do meio-dia, no entanto, em evento com parlamentares que apoiaram a candidatura, o presidente eleito Lula indicou que não haverá muito apreço ao teto de gastos e que as despesas com os programas sociais devem ser vistos como investimentos. O mercado entendeu a mensagem como um prenúncio de abandono da preocupação com o fiscal e aprofundou as perdas. A bolsa acelerou a queda, os juros dispararam e o dólar acelerou a alta.

Como se não bastasse, o dia prosseguiu com a confirmação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, na equipe de transição do governo. Enquanto isso, os mercados internacionais subiam com dados de arrefecimento da inflação nos Estados Unidos.

Por aqui, a bolsa encerrou o dia em queda de 3,35%, aos 109.775 pontos. Em um dia, o Ibovespa perdeu mais de R$ 102 bilhões em valor de mercado. Ao todo, 86 das 92 empresas que compõem o índice fecharam a sessão no vermelho.

O dólar fechou em alta de 3,41% contra o real, enquanto caía mais de 2% contra as principais moedas do mundo. Para se ter ideia do tamanho do estresse gerado, o real só se desvalorizou menos que duas moedas de uma cesta com 151: o gourde, do Haiti, e a rúpia, de Seicheles. No relativo, enquanto o dólar subia por aqui, contra uma cesta de moedas emergentes e de países desenvolvidos a moeda americana registrava a maior queda diária em 10 anos.

Os juros futuros tiveram a pior sessão desde abril de 2020, no auge do pânico do mercado em função da pandemia de Covid. Os investidores, que vinham nutrindo uma expectativa de início do ciclo de corte das taxas de juros a partir de maio do ano que vem, passaram a precificar queda nas taxas somente a partir de agosto. Os contratos com vencimentos mais curtos chegaram a flertar com um “circuit breaker” durante o pregão, quando em função de uma oscilação muito forte as negociações são interrompidas. No fim, os juros chegaram a subir mais de 1 p.p. ao longo da curva.

O Antagonista

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