Brasil tem safra recorde e fatura R$ 1,13 trilhão em 2023

Brasil tem safra recorde e fatura R$ 1,13 trilhão em 2023

Segundo o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) dois fatores impulsionaram o resultado positivo, o crescimento de 11,8% na produtividade e a expansão de 5% da área agrícola

Com uma safra recorde, o valor bruto da produção agrícola obteve um faturamento de R$ 1,13 trilhão. O resultado representa um aumento de 1,9% na comparação com 2022. As lavouras registraram um aumento de 4% no período. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dois fatores impulsionaram o faturamento: o crescimento de 11,8% na produtividade e a expansão de 5% da área agrícola, que passou de 74,6 milhões de hectares para 78,2 milhões de hectares em um ano. Os alimentos que tiveram os melhores desempenhos foram mandioca, laranja, banana, tomate, cacau, cana-de-açúcar, amendoim, feijão, arroz, uva, soja e milho. Em entrevista à Jovem Pan News, o coordenador-geral de políticas públicas do Ministério da Agricultura, José Gasques, conta os fatores que favoreceram estes resultados: “São produtos que estão tendo preços bastante satisfatórios e também as quantidades produzidas são boas”.

Soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão estão entre os produtos brasileiros com o maior valor bruto de produção. Gasques aponta ainda que o levantamento da Conab também traz uma perspectiva territorial. “Quanto a regiões, nós destacamos a liderança da Região Centro-Oeste, seguida pelo Sul, Sudeste, Nordeste e Norte. Entre os Estados, destaca-se de uma forma bastante boa o Estado do Mato Grosso, que é aquele que representa o maior valor de produção. A pecuária, no entanto, não obteve os mesmos resultados positivos da agricultura. Com recuo de 2,9%, os pecuaristas sentiram impactos no bolso nos últimos meses. Em julho, o Brasil exportou 160 mil toneladas de carne, menor valor desde 2019.”

O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Roberto Rodrigues explica quais elementos que levaram ao índice. “Nessa época de seca que nós estamos vivendo agora, normalmente o produtor vende fêmea, tem uma oferta maior de cabeças de fêmeas, então o mercado tem uma oferta grande de carne, isso aconteceu. Por outro lado, como os grãos caíram muito de preço, a ração ficou mais barata. Então frangos e suínos tiveram preço menor e o consumo cresceu muito em outras carnes que não a bovina”, afirma. A suspeita de doença da vaca louca e a consequente suspensão temporária da exportação para a China também estremeceu o setor da pecuária, que sentiu ainda os reflexos da volatilidade do câmbio. A avaliação de especialistas é de que o cenário apresente melhora nos próximos meses.

O agronegócio representa quase 20% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e tem enfrentado desafios para se manter relevante. Na análise de Rodrigues, é fundamental uma estratégia bem definida no setor: “Quatro pontos são fundamentais: logística e estrutura, acordos comerciais, tecnologia e custo de venda. Mas o que embrulha isso tudo é sustentabilidade, uma agrícultura sustentável, e nós temos”. O professor ainda avalia que invasões de terras, desmatamento ilegal e incêndios criminosos são vilões para o setor, por isso, são necessárias políticas sérias para acabar com este tipo de conduta.

Por JP

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