Em meio a ‘pesadelo absoluto’ no Haiti, ONU recomenda intervenção no país
Com bloqueio de combustíveis, abastecimento de água e atendimento médico estão comprometidos
Em reunião de urgência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o secretário-geral da organização, António Guterres, afirmou que o país vive um “pesadelo absoluto” e que é imprescindível o envio de uma força armada internacional ao Haiti.
Segundo Guterres, a situação do país caribenho é absolutamente dramática. O Porto de Varreux, na capital, Porto Príncipe, está bloqueado por gangues, que impedem a saída de combustível. “Como não há combustível, não há água. E há um surto de cólera, cujo tratamento requer uma boa hidratação”, declarou o secretário-geral, na segunda-feira 17, antes da reunião do Conselho de Segurança. Até agora, 22 mortes por cólera foram confirmadas no Haiti.
Por isso, segundo Guterres, uma ação armada internacional é necessária para deter esses grupos armados, desbloquear o porto e fazer um corredor humanitário. “Nas circunstâncias atuais, precisamos de uma ação armada para liberar o porto e permitir que se estabeleça um corredor humanitário. Estou falando de algo que deve ser feito com critérios humanitários rígidos, independentemente das dimensões políticas do problema, que deve ser resolvido pelos próprios haitianos.”
Depois da reunião, países como Estados Unidos, México e Canadá estão avaliando a possibilidade de enviar tropas ao país do Caribe.
Também nesta reunião de segunda-feira 17, a chefe da missão da ONU no Haiti, Helen La Lime, relatou ao Conselho de Segurança as consequências do bloqueio de combustível para a infraestrutura básica, que interrompeu atendimento nos hospitais e fornecimento de água e agravou as dificuldades de prestar socorro aos doentes de cólera e outras doenças.
“Sem combustível, o lixo não é removido dos bairros, e as chuvas torrenciais provocam inundações, criando condições insalubres propícias à propagação de doenças”, relatou Helen. “Sem combustível, a resposta da Polícia Nacional será ainda mais dificultada, bem como o acesso à ajuda humanitária.”
De acordo com os dados apresentados pela chefe da missão no Haiti, cerca de mil sequestros foram relatados apenas neste ano, e a insegurança geral continua impedindo milhões de crianças de frequentarem as aulas, isolando bairros inteiros e deixando famílias sem recursos dentro de casa.
Por Revista Oeste