FURNAS 65 ANOS: Múltiplos desafios das águas
Das águas do gigantesco Lago de Furnas dependem interesses múltiplos que devem ser respeitados
Foto: Pousada Terramare em Guapé – MG
Fundada em 28 de fevereiro de 1957, Furnas completou nesta segunda feira de carnaval 65 anos.
O Lago que possibilitou a construção da hidrelétrica, banha 34 municípios de Minas Gerais.
Furnas teve papel preponderante para o desenvolvimento do Brasil.
Nenhum país cresce sem energia.
A indústria e o desenvolvimento urbano dependem de energia elétrica, e Furnas é responsável por quase metade da energia consumida no Brasil.
Foto: Furnas – Construção da Usina de Furnas em 1957
Construída no coração de Minas Gerais, foi a primeira hidrelétrica de grande porte do Brasil, graças ao brilhantismo da engenharia nacional, o represamento do Rio Grande e o pioneirismo de figuras conhecidas da nossa história, com destaque para o ex-presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira, mineiro de Diamantina e responsável pela construção de Brasília.
Nos últimos anos Furnas aumentou sua participação na geração – sobretudo em fontes renováveis – e na transmissão de energia elétrica.
O Sistema responsável por mais de 40% da energia consumida do Brasil compreende 21 hidrelétricas, duas termelétricas e um complexo eólico, além de contar com 72 subestações e 35 mil quilômetros de linhas de transmissão.
Foto: Eletrobrás – Hidrelétrica de Furnas
Furnas é uma empresa eficiente e sustentável que produz energia economicamente viável e limpa para os brasileiros.
Tudo isso com o esforço de um corpo técnico altamente qualificado e a utilização de um arsenal tecnológico de ponta, que torna possível a operação de uma das maiores hidrelétricas do planeta.
Porém, os desafios não são apenas os da eficiência energética, da geração de energia limpa e barata para mover o gigantesco parque industrial brasileiro, mantendo acesas milhares de cidades onde vivem milhões de pessoas.
Os múltiplos usos da água de Furnas ultrapassam as fronteiras de Minas e vão além dos 34 municípios que carinhosamente chamam o Lago de “Mar de Minas”.
Das águas cristalinas do Rio Grande represadas para formar um dos maiores lagos artificiais do mundo, dependem pescadores, agricultores, pequenos negócios, hotéis, pousadas, barqueiros, restaurantes, guias e uma infinidade de profissionais que atuam na cadeia produtiva do turismo e da agricultura em Minas Gerais. Sem o espelho d’água em bons níveis, famílias e sonhos perecem.
Foto: Alago – Canyons de Capitólio – MG
Dois fatores são determinantes para a manutenção dos níveis da represa suficientes para atender quem depende do lago acima da hidrelétrica: Cota 762 em Furnas e 688 em Peixoto. Duas variáveis, o nível de chuvas e a vazão das comportas da represa que serve também para atender a outros interesses que não apenas a geração de energia, o turismo e a agricultura naquela região de Minas. Furnas também serve para manter ativa a hidrovia Tietê-Paraná.
O Rio Grande deságua no Rio Paraná e este por sua vez serve a hidrovia.
Trechos dela tem profundidade rasa que precisa de intervenções de engenharia para aprofunda-la, facilitando o trânsito de embarcações com calados mais profundos: (Calado é a distância vertical entre a parte inferior da quilha e a linha de flutuação de uma embarcação).
É a medida da parte submersa do navio. Tecnicamente, é a distância da lâmina d’água até a quilha do navio
Foto: Ecovia – Hidrovia Tietê-Paraná
Com efeito, o que é mais importante, manter a hidrovia Tietê-Paraná ou os interesses de milhares de famílias em Minas que dependem do lago cheio para sustentar suas econômicas?
É nesse conflituoso cenário que movimentos sociais e entidades se uniram para encontrar soluções que atendam aos interesses de todos, e não apenas daqueles que usam as águas do Rio Grande para o transporte de cargas.
Manutenção da Cota Mínima 762 e 663
A manutenção das cotas mínimas 762 Furnas e 663 em Peixoto são fundamentais para subsistência do turismo e da agricultura em Minas Gerais, em uma região onde vivem 2,4 milhões de pessoas.
As comunidades e entidades cobram das autoridades federais um plano de gestão eficiente que permita convivência harmoniosa entre os vários interessados nas águas deste Mar de água doce que move sonhos e do qual depende milhões de cidadãos mineiros.
Foto: Zarpo Magazine – Vista Panorâmica do Lago de Furnas
A Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas), os grupos ProFurnas e ProPeixoto criaram campanha pelo uso múltiplo das águas.
Eles não querem briga, mas exigem respeito e atenção das autoridades para a preservação dos níveis de água recomendáveis nos 34 municípios banhados pelo Mar de Minas, e claro a geração de energia e a navegabilidade da hidrovia Tietê-Paraná.
Por José Aparecido Ribeiro – Jornalista e presidente da Abrajet-MG