Pedidos de recuperação judicial crescem 94,7% no mês de março

Pedidos de recuperação judicial crescem 94,7% no mês de março

Número quase dobrou em comparação com o mesmo mês no ano passado. Grupo Casas Bahia acaba de entrar com o pedido de recuperação extrajudicial, motivado por dívidas que totalizam R$ 4,1 bilhões

Após os pedidos de recuperação judicial crescerem quase 70% em 2023, segundo a Serasa Experian, no acumulado do 1º trimestre de 2024, já há um novo aumento de 64% em relação ao 1º trimestre de 2023 e de 94,7% somente em março deste ano em relação ao mesmo mês no ano passado.

Os dados revelados pela Serasa Experian destacam o setor de serviços como o mais afetado, com 71 demandas, seguido de perto pelo comércio, com 48. É interessante notar que as micro e pequenas empresas representaram a maioria esmagadora dos pedidos, totalizando 136, enquanto as médias empresas apresentaram 29 solicitações e as grandes empresas, 18.

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, enfatizou que esse aumento nas solicitações de recuperação judicial reflete o desafio enfrentado pelas empresas diante da iminência da insolvência. Ele ressaltou a importância de uma redução na inadimplência para que ocorra uma diminuição nos pedidos de recuperação judicial, prevista para o segundo semestre de 2024.

Além disso, o cenário de crédito restrito e uma recuperação econômica mais lenta têm contribuído para a pressão sobre as empresas, aumentando o risco de insolvência. A alta inadimplência, custos de insumos elevados e margens de lucro estreitas são fatores adicionais que exacerbam a situação.

O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações Judiciais, que monitora mensalmente as estatísticas de falências e recuperações judiciais no país, revela uma tendência preocupante. A expectativa é que, com uma possível redução da inadimplência e melhorias nas condições econômicas, os pedidos de recuperação judicial possam começar a diminuir no segundo semestre deste ano, fornecendo um sinal de estabilização para o mercado.

Casas Bahia

As ações do grupo Casas Bahia (BHIA3) tiveram forte alta na sessão desta segunda-feira (29), após a empresa varejista anunciar na noite anterior um pedido de recuperação extrajudicial, motivado por dívidas que totalizam R$ 4,1 bilhões. Esse movimento foi impulsionado pelo apoio manifestado pelo Bradesco e Banco do Brasil, seus principais credores. Às 10h23 (horário de Brasília) do mesmo dia, os ativos apresentavam uma valorização expressiva de 16,91%, chegando a R$ 6,36, antes de voltarem a entrar em leilão. É relevante observar que até a sessão de sexta-feira (26), as ações BHIA3 haviam registrado uma queda de 52,20% no ano, marcando a maior baixa do Ibovespa.

Os analistas do mercado destacam que o pedido de recuperação extrajudicial da Casas Bahia tem dois lados. Por um lado, a medida proporciona um alívio financeiro à empresa, conferindo-lhe uma margem adicional em meio ao seu processo de transformação, especialmente considerando os termos favoráveis do acordo. Por outro lado, há a possibilidade de diluição decorrente da conversão das dívidas em ações, além do impacto da reação dos consumidores ao anúncio, um fator que a XP considera importante monitorar. Até o momento, no entanto, os investidores têm reagido de forma positiva aos desdobramentos.

O plano de recuperação extrajudicial ainda está sujeito à aprovação judicial. Gustavo Senday, analista de varejo da XP, destaca que a preocupação da Casas Bahia em cumprir suas obrigações financeiras tem sido evidente nas últimas teleconferências trimestrais da empresa. Ele observa que o plano oferece um alívio financeiro no curto prazo, permitindo que a empresa implemente ajustes operacionais, como o fechamento de lojas e a redução do estoque.

O acordo de renegociação contempla uma mudança significativa no perfil da dívida da Casas Bahia. Os principais credores, detentores de 54,5% dos débitos, concordaram com a conversão de 63% dos valores devidos em ações da varejista. Além disso, houve uma significativa redução nas taxas de juros e um aumento no prazo de pagamento, proporcionando um alívio financeiro considerável à empresa.

Segundo Renato Franklin, CEO da Casas Bahia, o novo acordo oferece flexibilidade financeira e uma reserva de caixa substancial, permitindo que a empresa enfrente volatilidades do mercado e aproveite oportunidades futuras, como a temporada de vendas da Black Friday. A renegociação da dívida, portanto, não apenas alivia a pressão financeira sobre a empresa, mas também a posiciona para um futuro mais estável e promissor.

Por BSM

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