Exército Brasileiro declara guerra… nas redes sociais!

Exército Brasileiro declara guerra… nas redes sociais!

Glorioso Exército de Caxias troca as brochas com que pintam nossos meios-fios pelo novo teatro de operações: comentários no twitter!

Em uma nova cartilha eletrônica lançada recentemente, o Exército Brasileiro, sob o título “Política de moderação nas mídias sociais do Sistema de Comunicação Social do Exército Brasileiro”, parece ter decidido que, além de suas funções tradicionais pintando meio-fio das cidades e matando pernilongo mata adentro, agora também partirá para a guerra contra os perigosos comentários nas publicações do Exército na internet.

Os usuários que se aventurarem pelos perfis oficiais do Exército nas redes sociais e atacarem a honra ilibada de nossas forças ou de nossos generalíssimos poderão ser surpreendidos com um “block” sumário, caso suas opiniões sejam consideradas “políticas, grosseiras ou reprováveis”. Com tempo sobrando, nossos militares não só patrulham as fronteiras do país como também as fronteiras do bom comportamento virtual.

Uma guerra sem tribunal de apelação

A cartilha, que poderia ser facilmente confundida com um aviso prévio de censura, estabelece um conjunto de regras rígidas que, por um lado, visam manter o respeito, a ordem, a hierarquia e a disciplina num mundo em que o Exército não tem nem autoridade, nem relevância, mas, por outro, parecem ignorar o direito ao contraditório. Comportamentos passíveis de abate incluem o uso de linguagem obscena, a realização de ameaças e, ironicamente, manifestações de opiniões políticas ou ideológicas. Memes com generais e melancias, nem pensar.

Entre as armas que metem medo em nossos militares  estão as mensagens que:

Usem linguagem inapropriada, obscena, caluniosa, grosseira, abusiva, difamatória, ofensiva ou de qualquer outra forma reprovável;

Concretizem apologia a práticas ilícitas; Incitem o ódio, a violência, o racismo ou façam discriminação de qualquer ordem;

Contenham ameaças, assédio, injúria, calúnia ou difamação, ou configurem qualquer outra forma de ilícito penal;

Divulguem conteúdos na forma de spam ou “correntes”;

Caracterizem intuito comercial ou publicitário;

Estejam repetidas, desde que publicadas pelo mesmo autor;

Sejam ininteligíveis ou descontextualizadas;

Contenham propagandas político-partidárias;

Manifestações ou opiniões de cunho político ou ideológico;

Contenham links suspeitos ou representem ameaça à segurança da informação;

Usem informações e imagem de pessoas e instituições indevidamente;

Contenham dados pessoais do autor ou de terceiros;

Violem os direitos de imagem e de propriedade intelectual;

Sejam fraudulentas ou promovam conteúdo inverídico.

Além disso, o documento diz: 

“Ao utilizar os canais mantidos pelo EB (Exército Brasileiro) em redes sociais, o usuário estará ciente das regras de uso e de convivência aqui descritas e de acordo com elas. O usuário que desrespeitar essas regras poderá ser bloqueado imediatamente, independentemente de justificativa, consulta ou aviso, e, conforme o conteúdo, as mensagens poderão ser encaminhadas às autoridades competentea”

A cartilha não informa de que maneira o inimigo poderá ser desbloqueado nem se será instituído um tribunal de guerra para a devida apelação da senteça.

A imagem na sarjeta caiada

Não é de hoje que a imagem do Exército brasileiro sofre desgastes e decisões da Força são criticadas abertamente nas redes sociais. Desde o início de 2023, sob a liderança do General Tomás Paiva e no alvorecer do governo Lula, mais especificamente, depois das tropas verde-olivas prenderem mais de mil pessoas no 8 de janeiros e as despejarem nos campos da Polícia Federal, as redes do Exército têm enfrentado uma enxurrada de mensagens críticas e nada educadas, algumas relacionadas ao contexto político atual. 

No dia 17 de abril, o general Paiva encontrou-se sob ataque do inimigo durante uma polêmica na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. O general foi criticado por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro por sua “complacência” em relação ao ministro Alexandre de Moraes.

Durante a sessão, o deputado Marcel Van Hatten, do partido Novo-RS, passou uma tremenda descompostura nos oficiais, tanto da ativa quanto da reserva, afirmando sentir “vergonha” e questionando se o general Paiva teria medo de Moraes. 

Antes do entrevero com van Hatten, as publicações no X do Exército recebiam em média 700 comentários. Após a discussão na Câmara, esse número saltou para entre 3 e 7 mil comentários por postagem, em sua absoluta maioria críticos aos oficiaisi.

Apesar da coincidência temporal, informantes militares vazaram ao jornal “O Estado de S. Paulo” que o documento sobre a política de moderação de comentários nas redes sociais do Exército já estava sendo elaborado antes do embate ocorrido na Comissão, indicando que os eventos podem não estar diretamente relacionados.

Por BSM

CATEGORIAS
TAGS
Compartilhe Isso

COMENTÁRIOS

Wordpress (0)
Disqus (0 )