Quase mil por cento de aumento nas queimadas do Brasil

Quase mil por cento de aumento nas queimadas do Brasil

Queimadas do Brasil assusta ambientalistas

Após uma temporada atípica de incêndios intensos em novembro passado, o Pantanal volta a estar sob alerta. De janeiro até o início de junho de 2024, os focos de incêndio no bioma aumentaram 974% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Esses dados são provenientes do Programa de Monitoramento de Queimadas (BDQueimadas) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A plataforma, atualizada diariamente, revela que até esta terça-feira (4), o Pantanal registrou 978 focos de incêndio, enquanto em 2023, o número era de apenas 91.

O acumulado deste ano é o segundo maior dos últimos 15 anos, ficando atrás apenas de 2020, quando foram contabilizados 2.135 focos. Naquele ano, cerca de 30% do bioma foi consumido pelas chamas.

A analista de conservação do WWF Brasil, Cyntia Santos, explica que o clima quente durante a maior parte do dia no Pantanal, aliado à falta de chuvas desde o final do ano passado, contribui para uma situação preocupante.

“O alerta é enorme, especialmente devido à quantidade significativa de focos. O Pantanal está extremamente seco, e as altas temperaturas diurnas aumentam o risco de incêndios se não forem controlados”, afirma Santos.

Os dados oficiais, também monitorados por entidades ambientalistas, são essenciais para o planejamento de ações de combate ao fogo e para as estratégias das brigadas voluntárias treinadas, que atuam nas áreas mais afetadas nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Entre os municípios mais impactados estão Aquidauana, Miranda, Corumbá e Porto Murtinho (MS), além de Poconé, Barão de Melgaço, Cáceres e Itiquira (MT). As áreas fronteiriças com a Bolívia também enfrentam ameaças.

Em algumas regiões, como a Serra do Amolar, os incêndios têm ocorrido de forma intensa, levando parceiros e instituições locais a acionar o governo para auxiliar no combate às chamas.

Apesar do aumento, Cyntia Santos ressalta que a situação atual ainda não se compara ao registrado no final do ano passado. A estiagem e a onda de calor de novembro levaram os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a decretarem situação de emergência após mais de 2.000 focos de incêndio em menos de duas semanas.

“A ameaça está tão grande quanto no ano passado. A seca intensa e a escassez de água disponível no território indicam um risco ainda maior de incêndios de grande extensão”, enfatiza a analista.

O Serviço Geológico Brasileiro reportou que o rio Paraguai, principal da região, apresenta os menores níveis históricos. A estação de medição em Porto Murtinho (MS) registrou uma altura abaixo de 250 cm desde o início do ano, enquanto o normal costuma ser entre 250 e 550 cm nesse período.

Além desses desafios naturais, a ação humana também contribui para o agravamento da situação, incluindo o desmatamento, que torna o solo mais vulnerável, e os incêndios, muitas vezes causados acidentalmente ou intencionalmente.

terrabrasilnoticias

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