Rússia não deve voltar a abastecer a Europa com gás natural
A Comissão Europeia teme que o Kremlin deixe de fornecer o insumo para os países do continente
A União Europeia (UE) trabalha com a hipótese de o Gasoduto Nord Stream não voltar a abastecer o continente com gás natural russo, informaram, nesta terça-feira, 19, as autoridades do grupo.
O Nord Stream, principal artéria de gás natural para a Europa, fechou em 11 de julho para sua manutenção anual, que dura dez dias.
As potências ocidentais temem que Moscou possa prolongar o fechamento e privar os países do continente de um ingrediente-chave para suas fábricas.
Mesmo antes da manutenção, o Kremlin havia reduzido as entregas do oleoduto para 40% de sua capacidade.
Ao mesmo tempo em que as autoridades alemãs esperam que o Nord Stream retome o fornecimento do insumo, há um plano de contingência contra eventual sanção imposta pelos russos.
As indústrias que necessitam do gás natural estão recorrendo a combustíveis alternativos, como petróleo e carvão, e estocando produtos químicos e outros ingredientes cruciais antes do inverno.
Mas esses passos caminham até certo ponto, visto que uma escassez de gás poderá ser o suficiente para impor um racionamento de energia em qualquer país do continente.
Essa medida interromperia as cadeias de suprimentos européias, particularmente no setor petroquímico, que depende de gás e petróleo como matéria-prima.
A produção de aço, cobre e cerâmica também seria severamente afetada.
A legislação alemã dá prioridade a residências e instituições, como hospitais, no fornecimento de gás. Isso deve tornar mais provável a escassez do insumo na indústria.
Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) informou que a interrupção do fornecimento de gás natural russo teria um impacto significativo nos países europeus, como Hungria, Eslováquia, República Tcheca e Itália.
Na UE, o FMI avalia que a queda no Produto Interno Bruto (PIB) deve superar 2,5%, caso o Kremlin não volte a abastecer a Europa.
Nesta terça-feira, a Agência de Estatística da União Européia (Eurostat) mostrou que o custo da energia foi responsável por quase metade da inflação registrada em junho na Zona do Euro.
No mês passado, a inflação média nos 19 países da região atingiu 8,6%. Trata-se de um novo recorde, depois dos aumentos de 8,1%, em maio, e 7,4%, em abril.
Por Revista Oeste