Manifestantes mantêm protestos em frente de quartel em São Paulo
Eles prometem não cessar a vigília sem que o resultado do segundo turno das eleições seja revisto
Manifestantes protestam em frente à sede do Comando Militar do Sudeste, quartel do Exército Brasileiro, na cidade de São Paulo. O grupo permanece no local desde a segunda-feira 31. Eles prometem não cessar a vigília sem que o resultado do segundo turno das eleições seja revisto.
A passagem de carros está sendo controlada. No local, além da base militar, funciona a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O tráfego de carros de funcionários de ambas as instituições continua permitido. Os ativistas abrem passagem sempre que necessário.
A reportagem de Oeste esteve no local na tarde da quinta-feira 3. Ao longo da avenida Sargento Mario Kozel Filho, os manifestantes montaram barracas com suprimentos como água e comida para seguir com a vigília nos portões do quartel. A cada novo militar que aparece no local, o grupo faz uma salva de aplausos e pede um posicionamento sobre o processo eleitoral. Gritos como “salvem o Brasil” são constantes.
O grupo é formado por homens e mulheres de várias idades, profissões e classes sociais. Muitos se alternam entre a jornada de trabalho e o tempo na porta do Comando Militar. O lema geral é “Deus, pátria, família e liberdade”.
Marcelo, empresário e ativista político, afirma que não existe caminho definido. Dirigindo-se a outros manifestantes por meio de um megafone, ele disse que era melhor não usar a palavra intervenção. “Não somos juristas”, afirmou. “O que falamos é ‘S.O.S Exército’. E não sairemos daqui.”
Nenhum político apareceu ou foi citado. Mesmo o nome do presidente da República, Jair Bolsonaro, tem sido evitado. “Essa é uma manifestação popular e espontânea”, garantiu Marcelo.
Entre os presentes, muitos se dizem indignados por um “criminoso”, anteriormente condenado, ter disputado a eleição, se referindo ao caso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Ele foi descondenado, esse é o maior golpe”, afirmou uma manifestante.
“Estamos aqui hoje pedindo ordem, respeito e justiça”, disse C. B., topógrafo. Ele acredita que o protesto popular é o único caminho para moralizar o país. “Estamos indignados e exigimos ordem. As Forças Aramadas têm de nos ouvir”, completou.
R. J., porteiro, desconfia de todo o processo eleitoral de 2022. As inserções de programas de rádio da campanha do presidente Jair Bolsonaro o deixaram em alerta. “Foi muita coisa contra a direita, e espero que verifiquem se houve fraude nas urnas”, comentou. “Queremos a verdade”, completou, dizendo que aceitaria qualquer resultado depois de uma auditoria confiável.
A aglomeração atraiu vendedores ambulantes para o local, com estoques de bandeiras do Brasil e outros acessórios verdes e amarelos renovados diariamente. L., uma dessas comerciantes, disse que o marido havia ido para comprar mais mercadoria. Ela acredita que no fim da semana haverá mais movimento. “No sábado e no domingo, menos gente tem de trabalhar”, afirmou. “Esse pessoal vai vir para cá.”
Por Revista Oeste